O menino e a rosa… lindo demais!

O MENINO E A ROSA

O estacionamento estava deserto quando me sentei

para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho,

desiludido da vida, com boas razões para chorar,

pois o mundo estava tentando me afundar.

E como se eu não tivesse razão suficiente para arruinar o dia,

um garoto ofegante chegou, cansado de brincar.

Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:

“Veja o que encontrei!”

Na sua mão uma flor –

que visão lamentável –

pétalas caídas, pouca água ou luz.

Querendo me ver livre do garoto com sua flor,

fingi pálido sorriso e me virei.

Mas ao invés de recuar ele se sentou ao meu lado,

levou a flor ao nariz

e declarou com estranha surpresa:

“O cheiro é ótimo, e é bonita também…

Por isso a peguei; hei-la, é sua.”

A flor à minha frente estava morta ou morrendo,

nada de cores vibrantes como laranja,

amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la,

ou ele jamais sairia de lá.

Então me estendi para pegá-la e respondi:

“O que eu precisava.”

Mas, ao invés de colocá-la na minha mão,

ele a segurou no ar sem qualquer razão.

Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego,

que não podia ver o que tinha nas mãos.

Ouvi minha voz sumir, lágrimas despontaram ao sol

enquanto lhe agradecia por escolher

a melhor flor daquele jardim.

“De nada”, ele sorriu, e então voltou a brincar

sem perceber o impacto que teve em meu dia.

Sentei-me e me pus a pensar como ele conseguiu

enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho.

Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente?

Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado

com a verdadeira visão.

Através dos olhos de uma criança cega,

finalmente entendi que o problema

não era o mundo, e sim eu.

E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego,

agradecido a Deus por ver a beleza da vida,

e apreciei cada segundo que é só meu.

Então levei aquela feia flor ao meu nariz

e senti a fragrância de uma bela rosa.

Sorri enquanto via aquele garoto,

com outra flor em suas mãos,

prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.

PARA NOSSA REFLEXÃO!